domingo, 6 de fevereiro de 2011

Rainha

INSTITUIÇÃO DA REALEZA



Comecemos este estudo com a instituição da realeza em Israel.

Lemos no Pentateuco que Moisés conduzia o povo através do deserto, ouvindo a voz de Deus e transmitindo Seus ensinamentos. Quis Deus, também criar o ofício do sumo sacerdote, que seria o guia espiritual do povo, esta missão foi confiada a Aarão, irmão de Moisés.

Com o passar do tempo e a constante consolidação de Israel como nação, o povo teve necessidade de criar instituições civis, independentes da religião, assim os juízes passaram a liderar o povo através de guerra e combates heroicos, mas estes juízes eram sempre ungidos por Javé.

Entretanto, influenciados pelos sistemas políticos que cercavam o território judeu, o povo clamou a Deus que pudessem ter um rei, foi assim que Samuel, por ordem de Deus, ungiu o primeiro rei, Saul da tribo de Benjamin.

Saul, contudo, não fez o que era agradável a Deus e por isso perdeu esta dignidade, tendo sido passada a Davi, da tribo de Judá.

Diferentemente de Saul, Davi foi um homem “segundo o coração de Deus” e não se rendeu ao caráter idolátrico das nações vizinhas e mesmo tendo cometido vários pecados, foi confiado à descendência de Davi, um reino que nunca teria fim.

Conforme, vemos no Novo Testamento, esta promessa de Deus se cumpre no Senhor Jesus.


RAINHA MÃE


Ao lermos os escritos da Velha Economia, constatamos que o título de rainha mãe concedia uma dignidade ímpar para a mãe do rei, contudo não lhe concedia autoridade sob o rei. Mas, os súditos acreditavam que a rainha-mãe tinha ascendência suplicante em relação ao filho.

Ora, por este motivo, sabendo que Salomão tinha muito estima por sua mãe, Betsabeia, Adonias, o seu irmão mais velho e que pensava ter direito ao trono, solicitou a ela que intercedesse junto a Salomão, para que pudesse tomar por esposa uma das concubinas de Davi (I Reis, 2:12-18), uma vez que Adonias achava que uma súplica da rainha-mãe não seria negada (I Reis, 2: 17/20). Entretanto, a Sagrada Escritura demonstra cabalmente que a decisão cabia única e exclusivamente ao rei e o pedido foi negado, pois o irmão queria roubar o trono que Deus entregara a Salomão (I Reis, 2:22). Este fato é uma das prefigurações do grande momento das Bodas de Caná, em que o povo suplica a Maria, entendida como rainha-mãe, que interceda junto a Jesus, o rei, para que Ele conceda mais vinho. Novamente, a concessão fica por conta do rei, mas desta feita atende ao pedido de sua mãe e fornece mais vinho, ainda melhor que o primeiro.

Em especial, o título de rainha-mãe era muito apreciado em Judá, assim que vemos nos textos de I Reis, quando está se descrevendo os reis e os reinados, em quase todos os casos menciona-se o nome da mãe do rei (I Reis 15:2, 15:10, 22:42, II Reis 8:26, 12:2, 15:2, 15:33, 18:2, 21:1, 21:19, 22:1, 23:36, 24:18), mostrando como esta figura era importante.

Especificamente, em I Reis 15:13 Asa, que era rei de Judá, destituiu sua mãe da “dignidade de rainha”, (o leitor pode conferir esta tradução nas versões protestantes Almeida Revista e Atualizada, Almeida Revista e Corrigida e na Nova Tradução para a Linguagem de Hoje), ou seja, corrobora com o pensamento de que a mãe do rei, era também rainha. O leitor pode conferir este mesmo título, em 2 Reis 10,13 e Jeremias 13,18.

É indiscutível que em conjunto com o título de rei, também foi instituído o de rainha-mãe em Israel, ora vemos também que este título em nada diminuía o caráter decisório do rei, pelo contrário é um título muito apreciado pela piedade popular. Podemos tomar o exemplo do reino unido que também tinha uma rainha-mãe, a rainha Elizabeth, e que seu falecimento causou muita comoção na Inglaterra e no mundo como um todo.

Sabemos que em Jesus se cumpre a promessa de um rei que governará Israel para todo o sempre, com isso os evangelistas, através de seus escritos, mostram aos leitores, principalmente, os judeus que Jesus é este rei.

Os Evangelhos Sinópticos (São Mateus, São Marcos e São Lucas) mencionam muitas vezes Jesus e em seguida O relatam como o filho de Maria, assim como lemos no texto do Livro dos Reis. Como Jesus é nosso rei, Maria tem de ser a rainha-mãe. Podemos ver este paralelo já na genealogia, nos fornecida por Mateus, de Jesus Cristo, Nosso Senhor:

Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos. Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão. Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon. Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi. O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias. Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa. Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias. Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias. Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias. Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia. E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel. Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor. Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud. Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. (Mateus 1,1-16, grifo meu)


Mateus, conforme podemos inferir das Sagradas Escrituras, escrevia para um público essencialmente judeu. Por isso, a genealogia se estende até a Abraão que foi o detentor das primeiras promessas e passa por Davi a quem Deus prometeu entregar o reino de Israel, desta forma Mateus se preocupa com a linhagem real de Jesus. Além disso, a cultura judaica sabia que os reis tiveram suas respectivas rainhas-mães, por isso era necessário ligar Maria a tal título, para que os judeus se convencessem de que Jesus é realmente o Messias. Muitos escritos do período Patrístico, e alguns textos judaicos, remontam à Maria a descendência real, uma vez que Jesus é da descendência de Davi, segundo a carne e que José não teve participação na concepção de Jesus.

Desta forma, o título de rainha-mãe dado a Maria era mais uma das provas de que Jesus é o verdadeiro rei, o Cristo, ou seja, o ungido de Deus para governar sobre toda a criação. Deste modo, o título de Rainha dado a Maria é totalmente cristocêntrico e foi visto como necessário para os evangelistas que queriam provar que Jesus era o rei prometido aos judeus.



A arca da aliança


A Arca da Aliança foi um verdadeiro ícone do Sagrado, do Divino. E apesar de as Igrejas Cristãs Protestantes proibirem o uso de imagens, se utilizam, como meio catequético, de réplicas da Arca conforme foi descrita a Moisés.

A Arca continha três tipos de Jesus dentro: o maná - Jesus é o “verdadeiro ‘maná’ do céu” (João 6,32); a vara de Araão – Jesus é o “Sumo Sacerdote” (Hebreus 3,1) e; os Dez Mandamentos – Jesus é o “Verbo (Palavra) que se fez carne” (João 1,14).

Assim, Maria em seu ventre carregou Jesus, tornando-se a Arca da Aliança dos cristãos. Há paralelismo entre o Velho e o Novo Testamento que confirmam Maria como a Arca da Nova Aliança, vejamos:



Antigo Testamento: quando a Arca da Aliança foi trazida perante o rei Davi - "Temeu Davi ao Senhor naquele dia e disse: 'Como virá a mim a Arca do Senhor?'" (2 Samuel 6,9).



Novo Testamento: quando Maria foi visitar sua parenta Isabel, que estava grávida de João Batista - "De onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?" (Lucas 1,43).



Antigo Testamento: quando o rei Davi dançou de júbilo porque ele estava na presença da Arca.


Quando a Arca do Senhor entrava na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela. E vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do Senhor, o desprezou no seu coração (2 Samuel 6,16).


Novo Testamento: quando o profeta João Batista saltou de júbilo no ventre de sua mãe, Isabel. Ele fez isto quando ouviu a voz de Maria.

Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre, e Isabel foi cheia do Espírito Santo (Lucas 1,41).


Antigo Testamento: A nuvem de glória (hebraico, Anan) foi representativa do Espírito Santo e “ensombrou” a Arca quando Moisés a consagrou em Êxodo 40,35. A palavra grega para “ensombrar” encontrada na Septuaginta é episkiasen.


Novo Testamento: “O Espírito Santo virá sobre Ti e o poder do Altíssimo Te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de Ti será chamado Filho de Deus” (Lucas 1,35). A palavra grega utilizada por São Lucas para “cobrirá com a sua sombrar” é episkiasei.


Antigo Testamento: “Ficou a arca do Senhor três meses na casa de Obed-Edom de Get, e o Senhor abençoou-o com toda a sua família.” (2 Samuel 6,11).


Novo Testamento: “Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.” (Lucas 1,56)


Antigo Testamento: Podemos inferir do primeiro livro das Crônicas (I Crônicas 28) que Davi dá por consumado seu reinado, quando fornece instruções específicas ao seu filho Salomão para a construção do Templo, que seria a casa da Arca da Aliança, ou seja, quando Davi vela pelo destino da Arca.


Novo Testamento: Jesus dá por consumado seu ministério terreno, no momento em que vela pelo destino da Nova Arca, Maria, ao dá-la como mãe do discípulo amado.

Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede. (João 19, 26-28)


Deste modo Maria não deixa de ser a Arca da Aliança após o nascimento de Jesus Cristo. Podemos ver pelo Salmo 131 que a missão terrena de Davi era fornecer uma morada a Deus e a sua arca e que não descansaria, ou seja, não daria por consumada a sua jornada enquanto não consagrasse uma casa para a Arca da Aliança. Assim, como Jesus deu por consumado sua paixão no ponto em que estabelece uma casa para a nova Arca da Aliança.

Mas Jesus não deu esta missão somente a João, que nem mesmo é nomeado nesta passagem, Ele nos faz saber que todos aqueles que quiserem ser discípulos amados devem tomar Maria por mãe e levarem-na para a casa.

É na crença de Maria como a Arca da Nova Aliança, que se afia a Igreja Católica em declarar e suplicar para que Maria passe na frente das lutas, uma vez que depois dela necessariamente vem o rei, o general, o nosso advogado, o nosso Salvador e Senhor, Jesus Cristo, bendito para todo o sempre!

3[...] Na realidade, se não é possível estabelecer um momento cronológico preciso para aí fixar o nascimento de Maria, tem sido constante da parte da Igreja a consciência de que Maria apareceu antes de Cristo no horizonte da história da salvação. É um fato que, ao aproximar-se definitivamente a "plenitude dos tempos", isto é, o advento salvífico do Emanuel, Aquela que desde a eternidade estava destinada a ser sua Mãe já existia sobre a terra. (Redemptoris Mater, SS. João Paulo II)

Sendo Maria, a Arca da Aliança, podemos entender que se aplicam a Jesus e a ela as palavras do Salmo 131,8, conforme nos conta São Tomás de Aquino:

Levanta-te, Senhor, entra no teu repouso; tu e a arca da tua santificação.

Esta aplicação, que em nada diminui a glória de Jesus Cristo, parece apontar para uma verdade que está enraizada na liturgia católica desde os primeiros séculos, que mostra que Maria, somente pelos superabundantes méritos de Jesus Cristo, foi assunta ao céu e encontra-se no repouso de Deus. Entretanto, a Assunção de Maria é assunto para outros estudos...



Apocalipse 12


Desde os primórdios do cristianismo, Deus instituiu sua esposa como depositária dos tesouros do céu, assim somente esta esposa, a Igreja, tem o direito e o dever de interpretar a Palavra de Deus. Contudo, como não há um posicionamento oficial da Igreja com relação à interpretação deste capítulo do livro do Apocalipse de São Jõao, então eu vou propor uma.

Primeiramente, o leitor pode estar se perguntando, o que o fato de Maria ser a Arca da Aliança, no Novo Testamento, tem a ver com nossos argumentos de que ela é também rainha.

Primeiro, acredito que já ficou provado que Maria é sim a rainha, entendido este título por mim como uma extensão, tão somente, do caráter real de Jesus Cristo, contudo ainda resta uma questão que atormenta muitos cristãos e dificulta o diálogo realmente ecumênico, quem é a mulher, a rainha, que se nos apresenta no capítulo 12 do livro do Apocalipse.

No final do capítulo 11, do livro do Apocalipse, São João fala da Arca da Aliança:

Abriu-se o templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo, a arca do seu testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. (Apocalipse, 11:19)


Este trecho do capítulo 11 e o todo o capítulo 12, em minha opinião, poderiam estar juntos, pois relatam o mesmo acontecimento, uma vez que o início do capítulo 12 está escrito:

Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. (Apocalipse, 12:1)

Deste modo podemos concluir que a mulher revestida de sol é a Arca da Aliança, ou que a Arca da Aliança do Antigo Testamento prefigurava esta mulher.

Além disso, o Evangelho de São Lucas, já disponível na época da escrita do Apocalipse, fala que o poder do Altíssimo cobrirá Maria, deste modo podemos traçar um paralelo com a mulher do Apocalipse que está vestida de Sol. Sabendo que “coberta” e “vestida” são sinônimos.

No versículo abaixo, ao final do capítulo 12, é interessante notar que São João relata que aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” formam a descendência da mulher.

Este [o dragão], então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus. (Apocalipse, 12:17)


Sabemos que aqueles que têm o testemunho de Jesus formam a Igreja, ou seja, a mulher revestida de Sol não pode ser esta Igreja, ao contrário esta mulher é como Eva, gerando as novas criaturas que formam a Igreja, a esposa de Cristo.

Ora, já vimos que Maria é a mãe da Igreja e mãe dos viventes em Cristo Jesus, logo nós somos a sua descendência, não por que a amamos e muito menos por que a adoramos e sim por que estamos em união com seu filho, que é o Senhor da Glória, instituído Rei pelo Deus Todo-Poderoso, mais uma pista para que entendamos esta mulher como sendo Maria.

Além do mais alguns argumentam que se São João estivesse se referindo a Santa Maria, ele a teria nomeado, contudo temos de analisar o estilo apocalíptico que se expressa neste livro. Neste gênero, os personagens não são nomeados. No capítulo 12, somente o Cordeiro tem um nome próprio. Este recurso era empregado para dar alcance maior ao escrito, se São João tivesse nomeado alguns personagens deste livro, o alcance seria imediato.

Outro argumento muito utilizado e que vem sendo propalado em meio cristão é que São João estaria se referindo a Israel, uma vez que alguns versículos deste capítulo nos remetem a características da nação de Israel. Este argumento é plausível, contudo devemos nos lembrar das palavras empregadas por São Lucas para descrever a saudação do anjo a Maria:

Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. (São Lucas 1,28)


A palavra grega que São Lucas emprega é caire, que São Jerônimo traduziu por Ave, mas que foi empregada no sentido de Alegra-te. Este trecho do Evangelho cita a passagem de Sofonias:

Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. (Sofonias 3,14-15)

A Tradição Apostólica confirma esta interpretação de que Maria é a Jerusalém terrestre, a Cidade Viva de Deus:

Quem ama alguma coisa costuma trazer seu nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure, pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu Deus, como oferenda em honra de sua partida [...] Hoje, da Jerusalém Terrestre, a Cidade Viva de Deus (Maria) foi conduzida à Jerusalém do alto. [...] (Homilia sobre a Dormição de Nossa Senhora, São João Damasceno)

Deste modo, São Lucas empregou o termo que antes designava a nação de Israel, podemos entender que a Jerusalém, a filha de Sião da Velha Economia, culmina na Santa Virgem Maria, logo aquelas características que eram empregadas a Israel podem ser aplicadas a Maria. O que é mais um argumento para considerarmos Maria como a mulher do Gênesis (Nova Eva) ao Apocalipse.

Eu penso em uma analogia entre a Israel da Velha Economia, Maria e a Nova Jerusalém.

A Israel antiga é como a luz branca que ao passar pelo prisma que é Maria se divide nas diversas cores, que representam as diversas nações que vem para adorar a Jesus Cristo.





Não há porque não acharmos que João estava se referindo a Maria, quando tratou da mulher revestida de Sol e que tinha na cabeça uma coroa com 12 pontas, que representam as doze tribos de Israel ou os doze apóstolos, ou ambos.



A Reforma Protestante



Hoje em dia se vê um embate entre os cristãos católicos e os protestantes, principalmente os de pensamento neopentecostal em se tratando de Maria, contudo Martinho Lutero, considerado o mais proeminente dos protestantes, não tinha esta aversão a Maria, pois cumpria a ordem dada pelas Sagradas Escrituras para proclamarmos Maria como bem-aventurada:

“Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade.”(Martinho Lutero, “Comentário do Magnificat”, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Jesus vive e é o Senhor”, grifo nosso).

“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe [para Maria] um carro de ouro e conduzi-la com quatro mil cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: ‘Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano‘. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo e, apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria.”(idem, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Pergunte e Responderemos” nº 429, grifo nosso).

É interessante notar que além de considerar Maria como rainha, Martinho Lutero a confessava como a verdadeira Mãe de Deus, mas isto fica para um próximo estudo.

Os novos protestantes se arvorando de zelo pela Palavra de Deus tentam dizer que acham que a única dignidade de Maria foi ter sido mãe de Jesus, o que contraria os Escritos Sagrados que dizem que mais feliz é aquele que crer. Além disso, muitos pastores e pregadores têm medo de falar sobre Maria, com medo de que os fiéis caiam em idolatria, contudo Hebreus explicitamente nos manda que lembremos dos exemplos que nos precederam, que nós os honremos, não com a honra somente devida a Deus, mas com a honra que nós devemos aos nossos pais, pois Maria é nossa mãe na fé, e devemos honrá-la como nossa mãe e rainha, sabendo que tudo provém dos méritos de Jesus Cristo.